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Uma Brasília de (sobre)peso




Os hábitos alimentares dos brasilienses estão cada vez piores, o que tem refletido em doenças cardiovasculares e obesidade.

Rayanne Alves e Enaile Nunes

A capital do Brasil deve se orgulhar por abrigar a diversidade cultural presente em todo o país, com isso Brasília ganha muito com relação à música, artesanato, dialetos e a culinária não poderia ficar de fora. Por ser abrigo desde sua construção de nordestinos, goianos, mineiros, gaúchos, Brasília é cercada de diversos pratos típicos dessas regiões, mas que se tornaram presentes na mesa de muitos brasilienses.

Entre os vários pratos típicos estão presentes o empadão goiano que é recheado com linguiça, carne de porco e de frango, guariroba (muito encontrado no Goiás) e queijo; Arroz com pequi (tipicamente goiano), Buchada de bode (prato nordestino) presente em vários restaurantes locais, tapioca vindo do nordeste e é encontrado com facilidade em barraquinhas por Brasília, a carne de sol e o pão de queijo, herança mineira, mas que é bem popular em Brasília.

Embora consiga agrupar todos os hábitos culinários do país, a capital federal não tem sua própria identidade gastronômica e acaba por se render a hábitos não muito saudáveis, o que tem preocupado alguns estudiosos. Foi constatado pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito (VIGITEL) que 75% da população adulta do Distrito Federal não consue frutas e hortaliças adequadamente, enquanto 77,3% não pratica nenhum tipo de atividade física e 47,7% já apresenta problemas com excesso de peso. Houve também uma diminuição de 15 a 20% no consumo de arroz e feijão no nosso país e um grande aumento no consumo de alimentos ditos como fastfood, ricos em açúcares e gordura.

Sedentarismo entre homens e mulheres no DF



Fonte: VIGITEL

“Hoje em dia comemos de maneira rápida, sem degustar o alimento. Não existe mais aquele hábito de sentar à mesa com sua família e conversar durante as refeições”, diz o diretor do curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília (UCB), Marcus Vinicius Cerqueira, ao esclarecer as mudanças que ocorreram no modo de se alimentar dos brasileiros. De acordo com o próprio diretor, um dos fatores responsáveis por essa mudança na alimentação tem a ver com o ingresso da mulher no mercado de trabalho, o que aumentou o consumo de produtos industrializados e de rápido preparo.

Estudos mais recentes feitos pelo Ministério da Saúde mostram que são justamente as mulheres quem mais vem sofrendo com essa alimentação inadequada e falta de atividade física. Aqui no Distrito Federal, o índice de morte de mulheres por conta de doenças cardiovasculares já está em 61% e o número de sedentárias ultrapassa os 25%. Embora ainda seja menor que o número de homens, também causa preocupação ao Ministério da Saúde.

Morte de homens e mulheres por conta de doenças cardiovasculares no DF

                                  

Fonte: VIGITEL

 
Propondo mudanças comportamentais sustentáveis, existem programas que procuram conscientizar e alertar a população a respeito de uma vida com má alimentação e sem exercícios físicos. Um exemplo é o programa “Jogo de Cintura”, organizado pela Gerência de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (GEDANT), criado em 2007 na cidade de São Sebastião. Financiado pelo Ministério da Saúde, passaram a compor a Rede Nacional de Promoção da Atividade Física.

A proposta foi bem recebida entre os moradores da cidade, despertando interesse até de pessoas que não se consideravam acima do peso, mas que queriam se cuidar. Por conta da grande procura, os planos de expansão do “Jogo de Cintura” abrangem todas as cidades satélites. Paranoá e do Núcleo Bandeirante estão mais próximas de receber o projeto.

Cuidados na escola


Pesquisas também mostram que a capital federal registra o maior índice de crianças com idades entre 2 e 12 anos obesas do país. Com isso, o Governo tem se apressado em criar programas de conscientização e incentivo a uma alimentação mais saudável e prática de esportes, como é o caso do programa “Saúde na Escola”, que funciona desde 2007.

O objetivo do programa é de prevenir e promover a saúde dos estudantes na faixa etária de 5 a 19 anos. Assim, promove ações de controle de obesidade, reeducação alimentar e prática de incentivo à exercícios físicos, dentre outras indicações de mudança de rotinas. Aproximadamente 2.495 municípios de todo o país estão comprometidos a cuidar de suas crianças e jovens.

Dados da Secretaria de Saúde do DF indicam que o Distrito Federal tem o maior número de pessoas entre 5 e 19 anos obesas no país: 9,7%. Já no quesito sobrepeso, a capital perde apenas para o Rio Grande do Sul, no caso das crianças, e para o Mato Grosso do Sul, quanto aos jovens: 17,2% e 17,3%, respectivamente.

Índice de obesidade entre homens e mulheres no DF

Fonte: VIGITEL

Atualmente no Distrito Federal, o Programa Saúde na Escola conta com 58 escolas, 23 Centros de Saúde e 25 Equipes Saúde da Família, que oferecem atenção à saúde de quase 60 mil escolares. Até o momento são cerca de 20 mil alunos e existe a intenção de ampliar a cobertura do Programa para 150 mil escolares até 2015.
Existem instituições que apresentam outros projetos ligados à alimentação saudável. A Escola Classe 49 de Taguatinga Norte, por exemplo, apresenta a Semana da Alimentação, visando orientar crianças entre 4 e 6 anos de idade sobre a importância de uma boa alimentação através de brincadeiras, gincanas e peças teatrais. Os 242 estudantes participam ativamente do projeto, como em ajuda no preparo de sopa.
Uma alimentação saudável tem relação direta com o seu ciclo de vida e deve conter ingredientes variados, com uma boa concentração de fibras e o mínimo possível de gordura e açúcar. Devem ser aliados também à prática de exercícios físicos. Juntos, fazem com que os riscos de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares sejam diminutos. Se cuide!

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